Queria pagar, por favor...
Dinheiro ou cartão de crédito, smartphone ou cheque de viagem?
Como pagar quando viaja na Europa.
Kirstin von Elm
No verão passado, Tanja e Wolfgang Möller realizaram um desejo há muito sonhado. O casal de Kiel, no norte da Alemanha, passou três meses a viajar pela Europa na sua carrinha VW. «Foi fantástico, experimentámos muita coisa», conta Tanja com entusiasmo. O casal também não teve problemas em pagar em qualquer lado. «Normalmente, pagávamos o combustível, as compras maiores ou os parques de campismo com cartão», diz Tanja, que tem um cartão de débito e o marido tem um cartão de crédito. Também tinham sempre algum dinheiro na carteira. «Por exemplo, eu usava pequenos trocos para a máquina de lavar que funcionava com moedas ou para passear nos mercados e nas feiras da ladra», refere Tanja. Wolfgang usava-o como alternativa ao pagamento com cartão – no caso, por exemplo, de um operador de um parque de campismo não aceitar cartões ou se houvesse problemas com a tecnologia.
É exatamente a estratégia certa, diz Michaela Roth, da Associação das Caixas Económicas de Baden-Württemberg (Sparkassenverband). «Não confie apenas numa opção, mas leve consigo diferentes meios de pagamento», aconselha. Dependendo do destino e das preferências pessoais, recomenda-se uma combinação de cartões bancários e de crédito para as compras quotidianas e as despesas maiores. O pagamento móvel através do smartphone pode complementar o seu orçamento de viagem, mas a maioria das aplicações de pagamento móvel só funciona no país de origem. «Se perder o smartphone ou não tiver bateria, precisa de uma forma alternativa de pagamento», adverte a especialista. É por isso que o bom e velho dinheiro deve estar sempre na sua carteira quando viaja na Zona Euro.
O euro é a moeda oficial em 20 países europeus. Também se pode pagar em euros nas ilhas Canárias, nos Açores, na Madeira e até nalgumas ilhas de sonho longínquas: a Reunião, no oceano Índico, ou Guadalupe e Martinica, nas Caraíbas, pertencem a França e, por conseguinte, à Zona Euro. Aí não tem de se preocupar com taxas de câmbio ou em trocar dinheiro. Na Costa Brava espanhola, na Côte d’Azur francesa, quando anda de bicicleta nos Países Baixos, nas férias de praia em Chipre ou numa excursão de montanha na Áustria, pode pagar com euros, tal como no seu país. Mas tenha cuidado. Nem todos os países europeus utilizam a moeda comum! A Dinamarca, a Suécia, a Grã-Bretanha e a Irlanda do Norte, a Islândia, a Polónia e a Suíça têm moeda própria.
Dinheiro vivo – não se pode passar sem ele
A quantia de dinheiro de que precisa depende das suas preferências, da duração da viagem e das despesas previstas. Os peritos desaconselham que se leve todo o dinheiro para as férias. Se o dinheiro for roubado ou se perder no caminho, o prejuízo será seu. Por conseguinte, o dinheiro nunca deve ser colocado na mala quando se viaja de avião e, se possível, deve ser guardado no cofre do hotel. Isto porque nem a companhia aérea, nem o operador turístico, nem o alojamento, nem o seguro privado de bagagem, cobrem a perda.
É preferível ter consigo apenas dinheiro suficiente para dois ou três dias. As caixas multibanco – mais de 300 mil só na União Europeia – garantir-lhe-ão o suficiente. Os cartões de crédito Visa ou Mastercard funcionam em quase todas estas máquinas em todo o mundo. Também é possível utilizar muitos cartões bancários noutros países europeus. Os cartões com o logótipo V-Pay ou Visa podem ser utilizados em todos os locais onde é possível levantar dinheiro com um cartão de crédito Visa. Se o seu cartão tiver o logótipo Mastercard – ou Maestro se for um pouco mais antigo – funciona na rede mundial da Mastercard.
«Se não tiver a certeza de onde o seu cartão é aceite, deve informar-se junto do banco antes de partir e perguntar sobre as taxas», aconselha Elphège Tignel do Centro Europeu do Consumidor (CEC), em França. Isto porque
tanto o banco local como os respetivos operadores de ATM podem cobrar dinheiro pelo serviço. Normalmente, é cobrado 2 a 4% do montante levantado. Fora da Zona Euro, são normalmente adicionadas taxas de câmbio. Alguns bancos cooperam para lá das fronteiras nacionais. «Os clientes podem então levantar dinheiro gratuitamente nos ATM do banco parceiro no estrangeiro», explica a especialista. A título de exemplo cita o BNP Paribas, que trabalha com o Deutsche Bank na Alemanha e o Barclays Bank no Reino Unido. Alguns bancos online também permitem que os clientes utilizem os seus cartões gratuitamente nas caixas automáticas estrangeiras. Por isso, vale a pena dar uma vista de olhos às letras pequenas antes de partir.
Dica: fora da Zona Euro, utilize sempre a moeda local para efetuar pagamentos com cartão e nas caixas automáticas. Os comerciantes ou operadores de ATM cobram frequentemente sobretaxas elevadas pela conversão de pagamentos em euros, enquanto os operadores de ATM privados cobram taxas elevadas em locais movimentados, como estações de comboios, aeroportos, estações de metro, praias populares ou perto de locais turísticos conhecidos. «No verão passado, porque estava com pressa, tirei dinheiro de uma caixa multibanco na plataforma da estação central de Estugarda. E paguei cinco euros por ele», relata Doris Kochanek, editora sénior da edição alemã da Reader’s Digest. «A duas ruas de distância, não me teria custado nada levantar dinheiro.» Por isso, preste atenção aos avisos de preços nos ecrãs. Além disso, os locais turísticos atraem sempre carteiristas e burlões. Isto significa um maior risco de os criminosos manipularem as caixas automáticas para espiarem os seus dados bancários. Ou que os bandidos o abordem sob um pretexto qualquer depois de ter levantado uma grande soma de dinheiro. «Preste atenção ao que o rodeia quando levanta dinheiro, faça-o durante o dia e, de preferência, utilize as caixas automáticas de uma agência bancária», recomenda Elphège Tignel do CEC.
Cartões – a ganhar terreno em muitos países
Embora faça sentido ter uma reserva de dinheiro, os pagamentos cashless estão a aumentar na Europa. Na Escandinávia, a maioria das pessoas já paga sem notas e moedas. Cada vez mais, estas deixam de ser aceites. Na Finlândia e nos Países Baixos, por exemplo, muitas lojas, museus e restaurantes só aceitam cartões ou pagamentos móveis. «Há anos que não ando com dinheiro», diz Hanna Raunio, chefe de redação da edição finlandesa. «Uso o meu smartwatch em todo o lado. É rápido e seguro.» Os franceses também tendem a usar os cartões de crédito, mesmo para as quantias mais pequenas. «Todas as manhãs, com a minha Carte Bancaire CB, pago 1,15 euros pela baguete na padaria», diz Etienne Thierry-Aymé, um jornalista de Angers. «E 1,20 euros pelo meu jornal diário, no quiosque onde perguntei qual era o preço mínimo para pagar com cartão. “Não há limite”, responderam-me.»
Por outro lado, pagar com uma nota maior pode ser difícil em muitos locais, uma vez que os retalhistas muitas vezes só têm uma pequena quantia para trocos na caixa. Os avisos nas caixas das lojas, estações de serviço, hotéis, restaurantes ou museus indicam normalmente quais os meios de pagamento aceites. Por isso, esteja atento aos sinais e símbolos.
É bom saber: as empresas que aceitam pagamentos com cartão devem pagar uma taxa ao seu prestador de serviços de pagamento. Na UE, mas também na Suíça, no Reino Unido e na Noruega, não estão autorizadas a transferi-las para os clientes parti-culares – a chamada proibição de sobretaxas. No entanto, fora da Europa pode ser-lhe cobrada uma sobretaxa quando paga com o cartão de crédito. Os cartões de crédito de empresas e os cartões de crédito American Express também não estão sujeitos à proibição de cobrança de sobretaxas.
Independentemente do local para onde viaja, os pagamentos com cartão são rápidos e poupam-lhe o incómodo de ter de se preocupar com notas grandes e moedas pequenas. Além disso, são muito mais seguros do que há alguns anos. Se o seu cartão for imediatamente bloqueado em caso de perda, roubo ou suspeita de utilização abusiva, a sua responsabilidade é limitada ao limite máximo legal, que na Alemanha, por exemplo, é de 50 euros. Atenção: isto não se aplica se um débito não autorizado for efetuado utilizando o PIN, ou seja, o código secreto de quatro dígitos. Nunca o anote no cartão ou na carteira!
Para poder reagir de imediato em caso de emergência, deve ter à mão o número de telefone do seu banco ou da respetiva empresa de cartões. Os clientes bancários alemães podem contactar o número de emergência central de bloqueio para todos os bancos e cartões alemães a partir do estrangeiro, por exemplo ligando para +49 116 116 ou eletronicamente através da aplicação de bloqueio 116 116.
O facto de pagar com um cartão de débito ou de crédito – e não apenas quando viaja – pode fazer uma diferença considerável quando se trata de despesas maiores. Com um cartão de débito, a sua conta corrente é debitada imediatamente. Com os cartões de crédito, o débito costuma ser efetuado apenas no final do mês. Esta diferença é importante se reservar um carro de aluguer, por exemplo. O depósito – muitas vezes superior a 1000 euros – é normalmente pago por cartão. Com um cartão bancário, o montante do depósito fica logo bloqueado. Mesmo que o dinheiro ainda esteja na conta, só poderá aceder a ele assim que devolver o veículo intacto.
Para os dois tipos de cartão, deve verificar a data de validade, o saldo da conta e o limite de crédito antes de começar a viajar. Se o limite diário não for suficiente, por exemplo, para pagar um depósito de quatro dígitos ou para uma estadia mais prolongada num hotel, peça antecipadamente ao seu banco para aumentar o montante máximo permitido durante a viagem.
Espera-se que Tanja e Wolfgang Möller não precisem de um cartão de crédito para grandes reparações na sua carrinha VW este ano. Mas vão passar a trocar dinheiro com mais frequência. Porque neste verão querem viajar à volta do mar Báltico – e só voltarão à Zona Euro na Finlândia. «É claro que é mais fácil se não tivermos de fazer a conversão quando pagamos», admite Tanja. «Mas se trocarmos a moeda como na Dinamarca, na Suécia ou na Polónia, isso dá-me uma sensação extra de férias.»
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FRANÇA
Atualmente, muitos franceses pagam até as quantias mais pequenas, como um café, com cartão. No entanto, normalmente dão a gorjeta em dinheiro, deixando algumas moedas na mesa.
É bom saber: a maioria das autoestradas está sujeita a portagens. Nas estações de portagem pode pagar em dinheiro ou com cartão de crédito (Mastercard, Visa). Em algumas autoestradas, como a A4 ou a A79, a portagem é cobrada eletronicamente através do reconhecimento da matrícula. Neste caso, pode pagar online ou em dinheiro nos terminais de pagamento ao longo do percurso introduzindo o número da matrícula.
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ITÁLIA
Muitos italianos continuam agarrados ao dinheiro. Em comparação com outros europeus, são dos que mais pagam com notas e moedas. Uma gorjeta adequada num restaurante é de 5 a 10% da conta. Se o coperto, ou seja, o couvert, for cobrado, a gorjeta pode ser ligeiramente inferior.
É bom saber: em Itália, a utilização de dinheiro está limitada por lei a 5000 euros por pagamento. Se comprar algo mais caro, deve pagar a fatura com cartão ou transferência bancária. Além disso, nenhum retalhista é obrigado a aceitar mais de 50 moedas de cada vez.
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PAÍSES BAIXOS
«No meu país, até os vendedores ambulantes e os vendedores de jornais sem-abrigo aceitam pagamentos com cartão. Algumas lojas já nem sequer aceitam dinheiro», explica Paul Robert, chefe de redação da edição holandesa da Reader‘s Digest. É habitual dar uma gorjeta de cerca de 5% se ficar satisfeito com o serviço. Deixe algum dinheiro na mesa ou arredonde a conta para cima se pagar com cartão.
É bom saber: se utilizar os transportes públicos, é melhor comprar um cartão OVPay recarregável. Pode utilizá-lo para viajar de autocarro e comboio e pagar sem dinheiro no final da viagem.
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ESPANHA
«Nos supermercados, lojas ou serviços públicos, a maioria das pessoas paga com cartão de débito ou telemóvel», diz Natalia Alonso, chefe de redação da nossa edição espanhola. «Nas zonas rurais ou em pequenos estabelecimentos comerciais, por outro lado, o dinheiro ainda é comum.» Quando se trata de dar gorjeta, 5 a 15% do valor da conta é considerado apropriado.
É bom saber: os espanhóis mais jovens, em particular, pagam por telemóvel. A utilização da aplicação de pagamento móvel Bizum é particularmente popular.
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REINO UNIDO
«Não me lembro da última vez que paguei em dinheiro», diz Alice Gawthrop, editora júnior da edição do Reino Unido. «Há algumas pequenas empresas que ainda preferem dinheiro mas, de um modo geral, ter um cartão de débito ou de crédito à mão é mais útil do que ter o dinheiro.» As gorjetas são frequentemente incluídas na conta quando se vai a um restaurante.
É bom saber: pode pagar em qualquer parte do Reino Unido com a libra esterlina britânica. As faturas emitidas na Escócia, na Irlanda do Norte ou na ilha de Man só podem ser utilizadas nesses locais!
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ALEMANHA
Ainda se pode pagar com dinheiro em quase todo o lado. Muitos alemães só utilizam os cartões para quantias maiores. A gorjeta é de cerca de 10%.
É bom saber: muitas vezes, os cartões não são aceites nos mercados, mas também em alguns restaurantes ou snack-bares.
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PORTUGAL
«Já quase não uso dinheiro. Pago tudo com um cartão bancário ou com o MB Way. E para as compras online utilizo cartões de crédito virtuais temporários com limite de valor», diz Maria Cadete, estudante da Universidade de Lisboa.
É bom saber: Se ficou satisfeito com o serviço, dê uma gorjeta de 5 a 10% do valor da conta. Deixe-a em dinheiro na mesa.
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FINLÂNDIA
Cerca de 80% dos finlandeses pagam com cartão no dia a dia. Alguns restaurantes nas cidades já não aceitam dinheiro. Embora não se espere gorjeta, muitos clientes de restaurantes arredondam a conta para cima.
É bom saber: contrariamente à tendência, algumas lojas e restaurantes nas zonas rurais só aceitam dinheiro. Este facto está claramente indicado na porta ou junto à caixa registadora.
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SUÍÇA
Os habitantes locais pagam em francos suíços – em dinheiro ou com cartão. Dão uma gorjeta de cerca de 10%.
É bom saber: os hotéis, restaurantes, grandes armazéns e lojas de recordações também aceitam dinheiro em euros. No entanto, receberá o troco na moeda local.
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FRANÇA
ITÁLIA
PAÍSES BAIXOS
REINO UNIDO
PORTUGAL
FINLÂNDIA