Inconsciente e em queda livre, o paraquedista principiante só tinha 50 segundos de vida...
ROBERT KIENER
Um grupo com cerca de uma dúzia de outros instruendos de paraquedismo, Christopher Jones viaja apertado dentro de um Cessna 182 que sobrevoa a Austrália ocidental, a sul de Perth. Passa pouco das 16 horas e este será o quinto salto de Christopher no seu curso de queda livre acelerada. É a primeira vez a saltar a solo, sem ir preso a um instrutor.
Enquanto o avião rasga o céu limpo e cristalino de novembro, Christopher revê mentalmente o procedimento de salto. O seu coração está acelerado, mas está confiante de que está pronto para fazer o seu primeiro salto a solo. «Mantém-te calmo», diz para si mesmo enquanto se prepara para o salto, enumerando as manobras que tem de fazer. Assim que o avião chega aos 12 mil pés (aproximadamente 3600 metros), começa a piscar uma luz verde no interior, sinal de que o piloto deu o OK para o salto.
O instrutor de Christopher, o paraquedista veterano Sheldon McFarlane, faz deslizar a porta lateral do avião. Por gestos, diz-lhe para assumir a «posição de pronto» junto da porta.
Apesar de estar protegido com um capacete, óculos, um fato de salto azul e dois paraquedas (um principal e outro de reserva), Christopher estremece quando sente o ar frio invadir o avião. O vento fustigante é tão ruidoso, que não consegue ouvir nada além do bater do seu coração. Está nervoso, mas concentrado em McFarlane, que o irá guiar ao longo do primeiro salto individual, seguindo-o – e observando-o – enquanto for em queda livre até à zona de aterragem, 3200 metros mais abaixo.
Quando se tenta pôr em posição, agarrando com força o corrimão sobre a porta aberta para se segurar, desequilibra-se um pouco, mas McFarlane ampara-o, segurando o robusto arnês preto do paraquedas com firmeza, e ele estabiliza.
Lembrando-se do treino, Christopher inicia a rotina pré-salto que aprendeu:
«Confirmar», diz, e levanta o polegar para McFarlane, indicando que está pronto para saltar.
«OK», responde McFarlane, erguendo o polegar. Christopher luta contra os ventos fortes que o fustigam e olha para baixo, para o padrão em xadrez verde e castanho da paisagem. Vê ao longe o azul do oceano Índico. Sente o coração a bater depressa.
«Céu!», grita para McFarlane, indicando que sabe em que direção saltar e que tem equilíbrio. McFarlane mostra- -lhe outro polegar levantado.
Então Chistopher olha para o instrutor, desloca-se devagar para a porta, vira as costas ao céu azul e agarra uma das barras suspensas do avião, enquanto arqueia o corpo na posição de salto. Grita para McFarlane, «Cima! Baixo! Curva pelo dorso!» (o calão do paraquedismo para «Aos seus lugares, preparar, partida!») e salta.
O SALTO DE HOJE é o culminar do sonho de uma vida do jovem de 22 anos. Em criança, Christopher ficara fascinado pela possibilidade de voar depois de viajar com o tio num pequeno avião. Decidiu então tornar- -se piloto quando crescesse. Mas esta esperança foi destruída quando lhe diagnosticaram epilepsia aos 12 anos e lhe disseram que a doença o impediria de tirar o brevet. Anos mais tarde, depois de saltar a pares com um instrutor de paraquedismo na Europa, apaixonou-se por este desporto. Achava que descer livremente pelos céus era emocionante. Era quase como voar. Ficou viciado. Tal como disse aos pais: «Se não posso pilotar um avião, vou então saltar de um.» Como Christopher não tinha tido um ataque epilético em mais de seis anos, o médico atestou que era saudável o suficiente para ter lições de paraquedismo na WA Skydiving Academy. O recém-licenciado passou com facilidade as aulas teóricas e os quatro saltos em tandem em que ia preso a um instrutor. Donna Cook, uma das instrutoras do curso em WA, disse que Christopher era uma dos melhores estudantes que alguma vez ensinou. Um aluno exemplar. Outros instrutores concordavam. Os seus primeiros saltos em grupo decorreram sem qualquer incidente. Estava pronto para ir a solo.
3600 METROS. Isto foi um bocado atabalhoado, pensou Sheldon McFarlane ao ver Christopher a calcular mal o passo e a estar perto de tombar do Cessna na preparação para o salto. McFarlane, um instrutor com mais de 25 anos de experiência e com mais de 10 mil saltos, está prestes a seguir Christopher para o guiar pela série de manobras prescritas à medida que ele desce.Saltando apenas alguns segundos depois de Christopher, o paraquedista veterano fica aliviado por ver que ele recuperara da desajeitada saída do avião e que estava a descer numa posição de box man perfeita: de barriga para baixo, o corpo arqueado para cima, braços e pernas abertos para ter estabilidade e controlo. Ambos os paraquedistas estão em queda livre, irão abrir os paraquedas aos 1500 metros, dentro de apenas meio minuto. McFarlane aponta para o altímetro no seu próprio pulso, indicando que Christopher deve verificar o seu, o que ele faz. Até agora tudo bem, pensa McFarlane e ergue o polegar para o instruendo.
2700 METROS. Enquanto ambos descem, McFarlane dá sinal a Christopher para começar uma curva aé- rea para a esquerda, uma das diversas manobras que deverá fazer neste salto. O paraquedista noviço começa a curva para a esquerda, mas de súbito para e é sacudido para a direita. Isto não é bom sinal, pensa McFarlane. Jones continua à deriva para a direita enquanto McFarlane se interroga o que diacho estará ele a fazer.
2400 METROS. Jones não segue as instruções e não consegue recuperar da desajeitada curva para a direita. O instrutor veterano depressa percebe que algo de errado se passa. O melhor aluno está a falhar. De repente, os joelhos de Christopher sobem e ele vira-se como uma tartaruga sobre as costas, aparentemente sem controlo, com os braços a agitarem-se, desamparados, enquanto cai a quase 200 km/h pelo céu. Ele está descontrolado, pensa McFarlane, enquanto incita o aluno a corrigir-se. «Vá lá Christopher», diz para si mesmo. «Endireita-te, endireita-te!»
2100 METROS. Christopher não reage. McFarlane observa enquanto ele continua a cair de costas, girando descontroladamente, com os braços soltos. O instrutor já viu outros estreantes com uma «sobrecarga sensorial» que ficaram incapacitados. Pensa que poderá ser isso que Jones está a sentir. No entanto, isso normalmente ocorre num dos primeiros saltos a pares e Christopher completou os seus sem problemas. Mas este é um salto a solo, a vida de Jones está em risco. «Vá lá, Christopher!», grita McFarlane à medida que Jones cai, de pernas para o ar e braços fletidos, abaixo dele. O que McFarlane não sabe é que Jones sofreu um ataque epilético grave e desmaiou. Está inconsciente, desamparado, a tombar tão depressa como um carro em direção ao solo e sem poder abrir o paraquedas.
1800 METROS. Christopher continua a cair, girando numa espiral sem controlo, com a cabeça apontada para baixo. McFarlane tem de agir depressa. Embora Jones, tal como todos os alunos da WA Skydiving, esteja equipado com dispositivos de ativação automática (DAA), que irão abrir automaticamente o paraquedas principal 600 metros acima da zona de aterragem, McFarlane percebe que isso dará ao saltador estreante pouco tempo para recuperar o controlo. Pode facilmente chocar contra uma árvore, um rio ou um cabo de alta tensão, ou, ainda pior, partir o pescoço numa aterragem descontrolada. Além disso, McFarlane sabe que os DAA por vezes falham. 1500 METROS. Pii… pi… pi… O altímetro audível de McFarlane começa a apitar à pré-marcação dos 1500 metros, indicando – um aviso importante – de que é agora a altura para abrir o paraquedas principal para uma aterragem segura. Ele ignora-o e decide ir em queda livre até Christopher, agarrá-lo e abrir-lhe o paraquedas. É uma manobra arriscada. McFarlane tem de garantir que ele próprio não fica emaranhado se o paraquedas de Christopher disparar na direção errada. Ambos os homens poderão cair para a morte. Levanta o queixo e vira os braços para trás, dardejando para Christopher como um falcão atrás da presa. Mas aproxima-se demasiado depressa sobre ele e, receoso de que choquem com demasiada força ou de que Jones puxe de repente a corda do paraquedas e esta embrulhe os dois, aborta a tentativa. Jones ainda está de costas, inconsciente e a cair descontrolado.
1400 METROS. Pii… pii… pii… O alarme do altímetro de McFarlane apita cada vez mais alto enquanto ele se estica para travar a descida. O tempo para abrir o seu próprio paraquedas está a esgotar-se. Mesmo paraquedistas muito experientes não abrem os seus paraquedas abaixo dos 600 metros, e McFarlane chegará a essa altitude em apenas 14 segundos. Mas quando Jones cai novamente sob ele, mergulha outra vez para o alcan- çar. Desta vez voa como o Super-Homem até Jones, e pega-lhe no arnês com a mão direita para virar o corpo dele de lado. Sabe que é crucial colocar Christopher na posição certa antes de puxar a corda. De outra forma, o paraquedas pode envolver os dois. Agarrando-se a Jones com toda a sua força, agarra a alça do paraquedas dele com a mão esquerda e puxa com força. O paraquedas principal sai para fora e para cima, virando Jones e colocando-lhe a cabeça para cima de forma a ficar sentado no arnês. Gra- ças a Deus!, pensa McFarlane quando o aluno é elevado para cima. Mas Jones ainda está inconsciente, ainda não sabe que está a cair. Uma aterragem descontrolada poderá facilmente matá-lo.
1200 METROS. «Chris! Chris! Chris!» Donna Cook, oficial de segurança da zona de aterragem nesse dia, tem vindo a observar a descida de Jones até ao chão e a tentar contactá-lo por rá- dio, mas sem êxito. Quando vê o paraquedas abrir, fica aliviada e comunica- -lhe. «Muito bem! Parabéns. Tens um bom paraquedas por cima da cabeça.» O alívio de Donna transforma-se em preocupação ao não receber resposta e ao ver Jones desviar-se bastante da rota. Volta a dizer-lhe por rádio «Mantém-te do lado do vento em relação ao alvo. Vira à direita, vira à direita.» Christopher continua à deriva para fora de rota e Donna percebe que há algo de grave se passa. «Vá lá, Chris!», diz-lhe pelo rádio. «Não estragues tudo agora.» Mas ele não responde a nenhuma das suas indicações. Continua desmaiado, a cair descontrolado e inerte, como morto, sob o paraquedas.
1000 METROS. De repente, enquanto o vê a derivar cada vez mais, interroga-se se ele estará desmaiado ou confuso. Alguma coisa se passa, pensa enquanto o vê afastar-se cada vez mais. Talvez o rádio tenha falhado. Ainda assim, ela continua a guiá-lo pelo rádio, rezando para que ele de alguma forma a consiga ouvir: «Vira para a direita, Chris! Para a direita!» 900 METROS. Inerte debaixo do paraquedas, a tombar pelo céu, Christopher recupera subitamente a consciência. Mas assim que volta a si, vê o chão a ficar cada vez mais perto. Levanta a cabeça e fica espantado ao descobrir que está a cair para terra sob um paraquedas aberto. «Como é que?…», diz para si mesmo. Percebe que desmaiou e o seu treino de paraquedismo entra imediatamente em ação. Verifica o altímetro e lê 900 metros. A última coisa de que se lembra é de confirmar que seguia as instruções de Sheldon McFarlane, a 2700 metros. Tem de agir depressa. «Verifica o paraquedas», diz para si mesmo e confirma que está completamente aberto e nenhuma das linhas está retorcida. «Orienta-te», diz, e procura a zona de aterragem, uma pequena seta de tecido branco ao longe, que aponta para oeste. Antes de conseguir pensar noutros procedimentos de aterragem, ouve o rádio no seu capacete a estalar e a ganhar vida com Donna Cook que o chama: «Chris! Chris! Voa em direção ao oceano. Para a tua direita!» Ele vê que está bastante longe da zona de aterragem e puxa com força a alça direita do paraquedas.
600 METROS. O vento leva-o na direção de Donna e da zona de aterragem. Christopher puxa a alça direcional do paraquedas para o dirigir para mais perto da zona de aterragem, que pode agora ver aparecer debaixo de si. Regressou à rota. Vendo Chris responder de novo aos seus comandos, Donna está radiante. «ÓTIMO!», diz-lhe pelo rádio. «Estás a ir muito bem!» Ela continua a dirigi-lo: «Vira as costas para o oceano», diz a Chris. Ele segue as instruções. «É isso! Estás a conseguir!», diz Donna. Com medo de o perder de novo, está sempre a enviar- -lhe indicações via rádio.
300 METROS. Sheldon McFarlane, que já aterrou porque pôde abrir o seu paraquedas de especialista, mais pequeno, a uma altitude muito mais baixa do que Christopher poderia abrir o seu paraquedas normal, grita para Donna que «este foi um dos piores saltos de nível cinco que alguma vez vi!». Ele ainda não faz ideia de que Chris teve um ataque e de que lhe salvou a vida.
100 METROS. Christopher prepara- -se para aterrar perto da zona-alvo. Ao aproximar-se do solo, revê o que aprendeu para aterrar em segurança. Como um paraquedista veterano, fecha com perícia o paraquedas, puxando ambas as alças para o travar momentos antes de os seus pés tocarem no solo, a correr. Perfeito! Donna continua a falar com Chris pelo rádio e maravilha-se com o que acabou de testemunhar. Depois de Jones fazer uma impecável aterragem de dois tempos, e começar a recolher o paraquedas, ela está prestes a chorar. «Ótimo!», diz-lhe pelo rádio. «Estiveste lindamente!» A primeira coisa que Christopher Jones fez, depois de aterrar, foi ir ter com Sheldon McFarlane e dar-lhe um abraço apertado. «Muito obrigado!», disse ele ao instrutor veterano, e explicou-lhe que tinha sofrido um ataque epilético durante o salto. «Acabou de me salvar a vida.»
Pelo seu pensamento rápido e ato corajoso, McFarlane ganhou a Cruz Dourada da Royal Lifesaving Society da Austrália Ocidental. Christopher relata que os seus dias de paraquedismo terminaram, infelizmente. Um vídeo do seu salto e salvamento já foi visto por mais de 17 milhões de utilizadores do YouTube.
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