SHARON STONE
«O sucesso é a única opção para mim.»
A estrela de cinema Sharon Stone é muito requisitada como pintora – no entanto, é atraída de novo para a câmara.
Silke Wichert
SHARON STONE ESTREOU-SE como atriz no início da década de 1990. Filmes como Desafio Total e, sobretudo, Instinto Fatal, fizeram dela um sex symbol. Sharon Stone foi nomeada para um Óscar pelo seu papel no filme Casino, de Martin Scorsese. Em 2001 sofreu um AVC, do qual demorou vários anos a recuperar. Atualmente com 65 anos, dedica-se à pintura. Cobra várias dezenas de milhares de dólares pelas suas obras.
Selecções do Reader’s Digest:
Quando começou a pintar?
Sharon Stone:
Em criança. A minha tia Vonne estudou pintura e praticava sempre comigo.
Na verdade, eu queria perguntar quando começou a pintar outra vez?
Durante a pandemia. Mas não só porque estávamos todos fechados e não tínhamos nada para fazer. Eu já tinha feito mil coisas além de representar, tinha aprendido línguas, escrito canções e contos. Os meus filhos sempre me encorajaram a descobrir outras facetas de mim própria que não me obrigassem a estar na estrada durante o tempo que demoram as filmagens.
Como devemos imaginar Sharon Stone como artista? Pinta em casa ou num estúdio? De manhã ou à noite?
Comecei a pintar no meu quarto. Mas quando vendi a minha cama grande, e depois o sofá que estava ao pé e todos os outros móveis para me mudar para uma cama de solteiro minúscula, os meus filhos insistiram para que fizesse um estúdio no jardim. Acho que pensaram que estava a perder a cabeça.
Porquê?
Porque me levantava de manhã, ia diretamente para a tela em boxers e T-shirt, pintava durante dezassete horas, deitava-me a certa altura, levantava-me de novo, continuava a pintar e quase não saía do quarto.
A sua estreia como atriz deu-se em 1990. Em 1995 trabalhou pela primeira vez como produtora em Rápida e Mortal. Mas no início dos seus 40 anos sofreu subitamente um grave acidente vascular cerebral...
Tive uma hemorragia cerebral que durou nove dias. Quando saí do hospital não conseguia andar, nem sequer escrever o nome, quanto mais segurar num pincel.
Nessa altura, não só quase perdeu a vida como tudo o resto. A carreira, a custódia do seu primeiro filho adotivo...
... para não falar de toda a minha fortuna.
... e a reputação. Na disputa da custódia com o seu ex-marido, o juiz perguntou ao seu filho: «Sabes que a tua mãe faz filmes de sexo?» Como encontrou forças para continuar?
Adotei mais dois filhos.
Terá de explicar isso com mais pormenor.
Penso que é preciso forçarmo-nos a assumir responsabilidades na vida para podermos seguir em frente. O meu ponto de vista é que os frutos mais doces são os que estão na ponta do ramo. Por isso, por uma questão de princípio, vou sempre ao extremo e coloco-me em situações em que estou encostada à parede e tenho de correr riscos para ganhar. Não estou interessada em passar ou ficar a meio caminho. O sucesso é a única opção para mim. Por isso, obrigo-me a levantar o rabo e a ser produtiva, mesmo que preferisse ficar na cama e gritar: «Que se lixe!»
Voltaria a aceitar um papel num filme?
Depois de todos estes anos sem receber uma única proposta, do nada tenho recebido muitas. E aceito-as!
Acha que isso tem algo a ver com o seu sucesso como pintora? Porque não precisa de papéis no cinema?
É o mesmo que com os homens: durante cinco anos não acontece nada mas, assim que se conhece um, toda a gente vem a rastejar.
Sente-se incomodada quando alguém só compra um quadro porque é da Sharon Stone e não porque gosta da sua arte?
Oh, há tantas pessoas que pagam a outra para lhes comprar arte. E depois vivem com quadros que nem sequer foram elas a escolher e que não sabem se gostam. Acho isso muito pior. Deve-se comprar arte que nos dê prazer por alguma razão. E se a razão é que alguém gosta de mim – como pessoa, atriz, ativista – ou simplesmente me acha gira, isso não me incomoda. Devem simplesmente tirar a fotografia e apreciá-la.