A Psicologia do Presente

A Psicologia do Presente


As prendas são um dos protagonistas das festas do fim de ano. Mas porque é tão importante? O que diz sobre nós? 


María Ángeles Lobo e Sophie Fernández de el español 




A CHEGADA DAS FESTIVIDADES e do fim de ano costumam assinalar uma procura desenfreada por presentes. Tradicionalmente, o Natal e a Epifania são boas oportunidades para mimar os entes queridos.

A arte de presentear, longe de ser anódina, tem muitos significados a nível social e psicológico. «Um presente pode refletir os nossos interesses, valores e relação com o destinatário. Os presentes são uma forma de comunicação simbólica e podem revelar aspetos da identidade de quem dá e a perceção que tem de quem recebe», explica Unai Aso, psicólogo da Buencoco [atual Unobravo].


Os benefícios do presente 


«A satisfação pode variar entre dar e receber presentes. Estudos revelaram que dar prendas pode aumentar a felicidade e melhorar o humor de quem os dá, possivelmente mais do que recebê-los. Dar um presente pode fortalecer as relações sociais e expressar emoções. Os presentes podem servir como ferramentas para manter relações e exprimir apreço, compromisso ou amor, entre outros sentimentos», acrescenta o especialista.

E não se trata tanto do valor material: «O valor de um presente transcende muitas vezes o seu custo material, residindo mais no significado emocional e simbólico. Alguns autores defendem que as prendas são extensões da pessoa que as oferece, simbolizando a relação e os sentimentos para com o destinatário.»


Além disso, «as prendas imateriais, como as experiências, podem ter um impacto emocional mais profundo e duradouro. Por exemplo, um estudo realizado por Leaf Van Boven e Thomas Gilovich (2003) concluiu que as experiências geram maior satisfação e felicidade a longo prazo do que os bens materiais».


Uma prenda pode, sem dúvida, refletir facetas da nossa personalidade: «Os presentes que escolhemos dar e pedir podem refletir aspetos da nossa identidade, desejos, valores, etc. Alguns autores sugerem que os presentes são expressões da autoimagem (como nos percecionamos) e das expectativas sociais.»


O presente perfeito?


Existe o presente perfeito? «Não creio que exista um presente “perfeito”, mas para escolher um bom presente é importante conhecer os interesses e gostos do destinatário, ter em conta a ocasião e optar por algo que tenha um significado especial para a pessoa. A personalização e a criatividade também são aspectos valorizados positivamente», diz o psicólogo.


E como lidar com um «fracasso»? «Perante presentes indesejados, as pessoas costumam agir de forma educada e grata, evitando ferir os sentimentos do doador, porque agimos de acordo com as normas sociais e culturais. Normalmente, essas prendas são guardadas, oferecidas ou devolvidas de uma forma discreta», afirma. 


E as crianças? 


Uma das questões mais sensíveis é a frequência e a quantidade de prendas destinadas às crianças. «Dar presentes às crianças pode ser benéfico para o seu desenvolvimento emocional e social, mas tudo depende da frequência e do tipo de presente. O ideal é não dar demasiada importância às prendas materiais e recorrer à prenda como uma forma de expressão emocional e de reforçar os laços da relação (pais e filhos, entre irmãos, etc.)». 

Por conseguinte, «ensinar o valor de um presente implica realçar o seu significado emocional e a intenção que lhe está subjacente, mais do que o valor material. É importante incentivar a gratidão e o reconhecimento do esforço e do afeto de quem dá a prenda». 



Além disso, deixa esta recomendação: «Limitar a quantidade de presentes pode ajudar as crianças a apreciarem mais o que recebem. Há estudos que sugerem que o excesso pode diminuir a apreciação, enquanto a escassez pode aumentar o valor percebido.» 

Em todo o caso, «a perceção da obrigatoriedade de dar presentes pode variar a nível social e cultural. Embora os presentes possam ser considerados obrigatórios em certas ocasiões, também refletem a importância de manter as relações sociais e de expressar emoções». 



Share by: