EXISTEM MUITAS razões para procurar a felicidade. Uma investigação revelou que os pacientes com artrite que se consideravam mais felizes conseguiam caminhar mais passos por dia do que os seus «colegas» mais infelizes. As pessoas felizes tendem a evitar adoecer na época da gripe e vivem mais tempo. Mais: sentir alegria é mesmo bom! Eis trinta e sete maneiras simples e surpreendentes de conseguir influenciar para melhor o modo como se sente.
Dê um sentido à sua vida
1. Escreva um diário. Segundo um estudo de 2014 publicado na revista Psychological Science, escrever um diário pode tornar as pessoas mais felizes, mesmo que os temas sejam banais. Nós temos tendência a esquecer as pequenas coisas da vida que nos dão prazer, mas documentar esses pequenos prazeres quotidianos permite-nos redescobri-los.
2. Descubra qual o seu propósito. «Isto tem que ver com ter um objetivo ou princípio que oriente a sua vida e o projete para o futuro», explica a jornalista e autora Emily Esfahani Smith. Pode ser um objetivo grande, como envolver-se em atividades políticas, ou mais pessoal, como ser um bom pai.
3. Perdoe. Guardar rancor é stressante e pode fazê-lo sentir-se zangado, triste, ansioso e descontrolado. Mas perdoar a quem o magoou não provoca qualquer emoção negativa.
4. De acordo com Neil Pasricha, autor de sete livros sobre a felicidade, ler vinte páginas de um romance todos os dias vai torná-lo mais feliz. «A ficção literária aumenta a atividade cerebral e melhora a capacidade de empatia, compaixão e compreensão», explica.
5. Neil Pasricha também recomenda que se tenha um hobby. Mas com uma condição: tem de ser algo em que não seja bom – por exemplo, stand up comedy, produção de chocolate ou até modelar animais com balões. E sabe porquê? Porque somos mais felizes quando aprendemos.
6. Pense nas emoções negativas como uma oportunidade. «É importante reconhecer que a infelicidade faz parte da experiência humana», resume o autor Meik Wiking. «Vamos passar por dificuldades; vamos ficar com o coração partido; vamos sofrer contratempos – superá-los é o que faz de nós humanos e felizes.»
7. … e é por isso que precisa de repensar a sua abordagem ao stress. Kelly McGonigal, psicóloga na Universidade de Stanford, diz que pensar nas situações que geram ansiedade como desafios em vez de ameaças, pode reduzir o impacto do stress na sua saúde emocional e, por exemplo, o risco de doenças cardiovasculares.
Foque-se nas relações
8. De acordo com Robert Waldinger, psiquiatra e professor na Faculdade de Medicina de Harvard e diretor do Gabinete de Pesquisa do Desenvolvimento de Adultos em Harvard, as relações fortes são a chave para a felicidade. Quer sejam parceiros românticos, amigos, filhos ou colegas de trabalho, as outras pessoas ajudam-nos «a lembrarmo-nos do que é realmente importante na vida».
9. Aja de um modo extrovertido. «Descobrimos que quando as pessoas introvertidas diziam agir de maneira mais extrovertida, esses acabavam por ser os seus momentos mais felizes», refere John Zelenski, médico e professor de Psicologia na Universidade Carleton, em Otava, no Canadá. Isso significa que meter conversa com estranhos no autocarro ou com um empregado de mesa pode melhorar os níveis de felicidade de uma pessoa.
10. Ter um animal de estimação pode torná-lo mais feliz. Um estudo recente da Universidade Estadual de Washington revelou que apenas 10 minutos de mimos a um companheiro peludo reduz o cortisol, a hormona do stress.
11. Comece a dar mais atenção ao desporto. Segundo Daniel L. Wann, professor de Psicologia, torcer por uma equipa leva à criação de ligações sociais que se tornam um amortecedor contra a depressão e a alienação, além de que aumenta a autoestima e o amor-próprio.
Saia de casa
12. Participar num grupo coral pode proporcionar-lhe alegria, graças à combinação entre a música e a dinâmica de grupo. O bónus: não precisa de ser um bom cantor para colher tais benefícios.
13. Estar ao ar livre pode beneficiar o humor. Num estudo liderado por John Zelenski, as pessoas que passaram 15 minutos fora de portas relataram cerca de 60% mais emoções positivas do que as que ficaram em casa.
14. Contemple as árvores. Esfahani Smith diz que a natureza oferece momentos de transcendência. Em 2015, investigadores da Universidade de Berkeley, na Califórnia, pediram a noventa estudantes para olharem para um eucalipto com 60 metros de altura durante um minuto. Depois, os indivíduos declararam sentirem-se menos centrados em si e com um comportamento mais generoso quando lhes foi dada a possibilidade de ajudarem outra pessoa.
15. Tome um café pela manhã com os seus colegas de trabalho. Um estudo de 2018 da Universidade da Califórnia revelou que os colegas que tomaram um café juntos antes de começarem o dia de trabalho estavam mais empenhados, concentrados e recetivos às ideias uns dos outros do que aqueles que partilharam um café com os colegas ao fim da tarde.
Cuide do seu corpo
16. Uma sondagem Gallup entre norte-americanos revelou que, quem dorme menos de seis horas por noite, fica cerca de 30% menos feliz do que as pessoas que dormem entre sete horas e meia a nove horas por noite.
17. O exercício faz-nos ficar mais felizes. Vários estudos mostram que as pessoas que se exercitam durante pelo menos 30 minutos cinco vezes por semana, têm pelo menos 30% mais probabilidade de se considerarem felizes do que as pessoas que nunca se exercitaram. E pode nem sequer demorar tanto tempo: existem outros estudos que indicam que apenas 10 minutos de exercício físico por dia o pode deixar mais bem-disposto.
18. Endireite as costas. De acordo com um estudo de 2017 publicado na revista Biofeedback, as pessoas que se encurvavam enquanto caminhavam sentiam-se mais deprimidas – mas quando se endireitavam reportavam uma melhoria significativa.
19. Um estudo holandês de 2015 concluiu que as pessoas que tomavam suplementos de probióticos uma vez por dia eram mais felizes do que as que não o faziam. Ao fim de quatro semanas, os participantes estavam menos propensos a focarem-se nas más emoções presentes e nas más experiências.
20. Comer bastante fruta e legumes pode «potenciar o bem-estar mental», segundo um estudo de 2019 publicado na Social Science & Medicine. Estabeleça como objetivo a ingestão de dez porções e meia por dia – cada porção equivale a uma chávena de vegetais ou fruta crus ou uma chávena e meia de legumes cozidos.
Localização, localização
21. Viva perto da água. De acordo com uma investigação de 2010 publicada no Journal of Environmental Psychology, a água faz com que as pessoas sintam emoções positivas. Se precisar de motivação extra para marcar umas férias na praia, um estudo de 2016 concluiu que as vistas para o oceano estão associadas a níveis mais baixos de stress psicológico.
22. As cidades não nos tornam mais felizes. Um inquérito de 2018 levado a cabo pela Faculdade de Economia de Vancouver e pela Universidade da Colúmbia Britânica revelou que as comunidades mais felizes do Canadá estão todas localizadas em zonas rurais.
23. Uma casa nos subúrbios pode fazer uma pessoa feliz. Segundo um inquérito feito entre norte-americanos, 84% dos residentes nos subúrbios estavam satisfeitos com a comunidade onde viviam, contra 75% dos moradores nas cidades e 78% dos residentes em zonas rurais.
24. É mais feliz se passar menos tempo em viagens. Investigadores britânicos descobriram que adicionar apenas 20 minutos às suas deslocações diárias tem o mesmo impacto negativo no grau de satisfação com a vida quanto o corte de 550 euros no salário mensal.
25. Um estudo realizado em Toronto, no Ontário, revelou que as pessoas que viviam num bairro com árvores tinham uma perceção melhor da própria saúde.
Gastar com inteligência
26. Segundo um estudo de 2017 da Universidade da Colúmbia Britânica e da Harvard Business School, quando as pessoas gastavam dinheiro em coisas que lhes permitiam poupar tempo, relatavam maior satisfação com a vida. Assim, contrate uma empregada ou faças compras no supermercado mais perto de casa, mesmo que seja um pouco mais caro.
27. Seja generoso. De acordo com um estudo de 2008 da Universidade da Colúmbia Britânica e da Harvard Business School, as pessoas que gastavam dinheiro com os outros eram mais felizes do que as que apenas abriam os cordões à bolsa para si próprias.
28. Se procura a felicidade duradoura, gaste o seu rendimento suplementar em experiências. Segundo Robert Waldinger, psiquiatra e professor na Faculdade de Medicina de Harvard, comprar bens materiais «torna-nos menos felizes e por menos tempo do que se usarmos o mesmo dinheiro para comprar experiências, em particular as que vivemos com os outros [como] férias ou passeios com a família e amigos.
Mude de hábitos
29. De acordo com os cientistas de dados da Universidade do Vermont, nos EUA, as quartas-feiras – e não as segundas – são o pior dia da semana. Para chegarem a esta conclusão, os investigadores analisaram padrões de mensagens publicadas na Internet. O uso de palavras positivas atinge o pico no domingo e diminui continuamente até ao ponto mais baixo – precisamente a quarta-feira –, até voltar a subir gradualmente.
30. Reduzir o tempo que se passa frente a um ecrã torna as pessoas mais satisfeitas. Num estudo recente com jovens, apenas uma hora frente a um ecrã por dia foi associado a maior infelicidade, mas à medida que o tempo de ecrã aumentou a felicidade continuou a decair. É provável que estas descobertas também se apliquem aos adultos.
31. No seu livro The Upward Spiral (A Espiral Ascendente, não editado em Portugal), o neurocientista Alex Korb explica porque é que usar óculos de sol pode «enganar» a nossa mente para nos sentirmos mais felizes. Quando há luz no exterior, tendemos a franzir a testa e a cerrar os olhos, o que ativa o músculo corrugador da sobrancelha. Mas também usamos este músculo quando estamos aborrecidos. Então, o que é que o nosso cérebro faz? Confunde-se em relação ao que estamos a sentir. É por isso que usar óculos de sol pode interromper esse ciclo de biofeedback.
32. Coma em casa. Um estudo de 2011 que envolveu cento e sessenta mulheres revelou que sentiam emoções positivas mais intensas e menos emoções negativas intensas após uma refeição cozinhada em casa. Apesar de ir a um restaurante poder ser uma delícia, é mais fácil fazer escolhas saudáveis em casa que, por seu turno, encorajam-nos a continuarmos a fazer escolhas saudáveis.
33. Faça uma coisa de cada vez. Matthew Killingsworth, investigador sénior na Wharton School da Universidade da Pensilvânia, garante que nos sentimos menos satisfeitos quando a nossa mente vagueia. A sua pesquisa concluiu que as pessoas sentem-se mais felizes quando têm sexo, praticam exercício ou mantêm uma conversa – tudo atividades que requerem concentração – e menos felizes quando descansam, estão a trabalhar ou a usar um computador em casa.
E sim, pense positivo
34. Um estudo de 2016 publicado na edição europeia do Journal of Psychology revelou que as pessoas felizes usam o humor de formas positivas – por exemplo, para divertirem as outras ou para enfrentarem situações difíceis. As pessoas infelizes, por outro lado, usam o humor como uma maneira de manipularem as outras ou de as criticarem.
35. Esfahani Smith diz que o storytelling pode ser um instrumento poderoso para moldar o nosso humor. «Estamos constantemente a fazer escolhas nas narrativas, por isso se contamos a nós próprios uma história má, ou uma que nos retrai, temos o poder de editarmos essa história», explica.
36. Se praticar a gratidão não é algo que lhe seja natural, comece por reparar nas coisas boas. «Uma pessoa consegue sempre ver as coisas boas, mesmo que não se sinta grato por elas naquele momento», resume Kira Newman, gestora do Centro de Ciência Greater Good, em Berley. «A verdade é que começa mesmo a reparar mais nelas quando presta atenção, e quando pensa na realidade de um determinado prisma. É um exercício diário.»
37. De acordo com Newman, ser obcecado com a felicidade pode revelar-se contraproducente. Ao invés, vá atrás de outras coisas, como as relações ou os hobbies, e a felicidade irá surgir como uma consequência.